Tema do mês: MUNDO ESPIRITUAL
Objetivo Formativo: Reconhecer a interdependência entre os seres que
habitam as diferentes dimensões
Objetivo Informativo: Reconhecer que o desenvolvimento moral está
presente em todas as fases da vida universal.
Aula 2/jun/12: Quem são os espíritos? Alma e
Espírito
Incentivação Inicial: Escolha a sua – 15 minutos
Colocar várias figuras à disposição dos
evangelizandos e pedir para que eles escolham o que mais se parece com eles.
Depois pedir a cada um dizer o que ele vê naquela
imagem. Na sequência, colar as figuras num painel e fazer as seguintes
perguntas:
ð O que as pessoas estão fazendo ?
ð Como você acha que ela movimenta seu corpo ?
ð Como você acha que ela expressa suas emoções ?
sonhos ?
Desenvolvimento: vamos falar
sobre ESPÍRITO ? 25 minutos
ü Baseado no painel que acabamos de montar e na
nossa conversa, fazer a ligação entre CORPO, ESPÍRITO e PERISPÍRITO e completarmos
nosso painel com:
ü O que é ?
ü Do que é feito ?
ü Qual sua função, para que serve ?
ü Como ele se movimenta ?
ü Podemos vê-lo ? Tocá-lo ?
Conclusão: Ser um espírito eterno pra mim... 25 minutos
Pedir para cada um completar a frase e colocar no painel
Bibliografia
"- Em que sentido se deve entender a
vida eterna?
É a vida do Espírito que é eterna; a do
corpo é transitória, passageira. Quando o corpo morre, a alma retorna à vida
eterna”. ( Questão 153, de “O Livro dos Espíritos”- Allan Kardec).
O grande temor do homem é, sem dúvida, a
morte. Acredita-se, com muita freqüência, que morrer é o fim da vida. Ainda,
encontramos uma boa parcela da humanidade entendendo existir algo indefinido
além do corpo e que sobrevive a ele. Uma outra parte das criaturas humanas,
crêem da existência da alma, cuja sorte é fixada após uma vida na Terra. Nós,
espíritas, temos absoluta convicção da continuidade da vida após a morte, onde
o Espírito que fora criado, por Deus, simples e ignorante, numa marcha
ascendente busca pela perfeição, como conseqüência do esforço que empreende
para tal mister.
A eternidade que apregoam as lições
evangélicas é a do Espírito, uma vez que o corpo tem duração limitada,
temporária, pelas suas próprias condições materiais, onde obedece aos
princípios da matéria.
Dessa forma, a morte,
que em realidade é apenas o fim da nossa vestimenta física, embora dolorosa e
difícil de suportar, pois que determina uma separação, mesmo que momentânea,
deve ser compreendida de forma diferente, menos fúnebre e tétrica.
É claro que não queremos fazer a
apologia da desencarnação como sendo algo tranqüilo e sem traumas. Em verdade,
mesmo entendida como um até breve, pois que no futuro novamente nos
encontraremos, isso porque os laços do amor, da simpatia e da afinidade, a
morte não desfaz, trata-se de um rompimento, do distanciamento do ser amado,
que seguirá os trilhos da espiritualidade, enquanto permanecemos, ainda, nas
estradas da vida material.
Mas os nossos “mortos”, que estão sempre
mais vivos do que nunca continuam seus sonhos de paz, suas buscas pela
felicidade e seus desejos de realização, na esfera do Espírito, pois que
continuam vivendo, apenas sem a roupagem carnal. Nada muda para eles a não ser
o estado vibratório. Somente não vivem diretamente na Terra, mas vivem em
plenitude na vida espiritual.
Esses nossos seres amados, quando tem
possibilidade de contatar conosco, através dos processos mediúnicos, nos
informam que também sentem saudades de nós, que nos visitam quando podem e tem
permissão para isso, que continuam trabalhando, principalmente em nosso favor,
ajudando-nos em nossas necessidades, que estudam, que encontram momentos de
lazer e que habitam em colônias espirituais de acordo com as condições e merecimentos
de cada um.
Portanto a vida, realmente, é eterna,
duradoura, definitiva. Fatal, em verdade, é a vida, uma vez que mesmo querendo,
uma pessoa não consegue morrer, nem suicidando, isso porque o suicida elimina
seu corpo tão somente. Acredita estar fugindo dos problemas e acaba por
conseguir um muito maior, que é a transgressão às sábias leis de Deus, com suas
inenarráveis conseqüências.
Portanto, nada é mais alvissareiro e
confortador do que saber que os nossos entes queridos, que nos deixaram pelo
comboio da desencarnação, prosseguem vivendo. Nossa mãe não morreu, nosso filho
continua vivo, nossos amigos seguem os seus dias na pátria dos sem corpos.
Assim é a eternidade. Morrer não é o
fim, apenas mudança de endereço, o rumar por outros caminhos, sempre nas
“muitas moradas da casa do Pai”, cuja comodidade sempre encontra um espaço para
os nossos sonhos de paz e felicidades.
A morte, definitivamente, não existe.
Vivemos aqui Terra ou em qualquer outro lugar do Universo, mas vivemos.
Espírito, perispírito e mundo espírita - Grupo
Espírita Bezerra de Menezes
O que é Espírito?
O Espírito é o
princípio inteligente da Criação. São criados todos da mesma forma, simples e
ignorantes, sujeitos à Lei da Evolução. Progridem em tempo que varia conforme
as condições e necessidades de cada um, dentro de uma trajetória que vai das
sensações à angelitude, passando pelos caminhos do instinto, inteligência e
razão. Através de milhares de encarnações no plano físico, a evolução do
Espírito se consolida no campo da sabedoria e da moralidade. Nos estágios
inferiores, são conhecidos como demônios ou diabos. No estágio de pureza, que
adquirem depois de inúmeras reencarnações, são os anjos, os arcanjos e os
serafins.
O que é perispírito?
É o corpo astral do
Espírito, para usarmos uma linguagem mais popular. É o elo que liga o Espírito
(ser abstrato) à matéria. Deriva do fluido universal e sua textura varia de
acordo com o ambiente do planeta onde o Espírito habita. É o intermediário
entre o corpo e o Espírito. Morfologicamente seria como uma cópia do corpo
físico, só que menos denso, pois feito de uma matéria diferente, imponderável e
imperceptível aos nossos sentidos físicos normais. O apóstolo Paulo chamou-o
"corpo espiritual". Quanto mais evoluído for o Espírito, mais etéreo
será o corpo espiritual.
O que é um Espírito errante?
É o Espírito que permanece
no mundo espiritual, no intervalo entre uma encarnação e outra, aprendendo e se
preparando para novas experiências. O tempo de erraticidade depende do grau
evolutivo do Espírito e de suas necessidades de aprendizado. Só os Espíritos
puros não são errantes, pois não mais necessitam reencarnar.
Podemos ser influenciados pelos Espíritos?
Sim, podemos. A
Doutrina Espírita nos instrui que somos guiados pelos Espíritos muito mais do
que podemos supor. Uns nos inspiram a seguir o caminho do Bem e das boas realizações.
Outros, nos influenciam sugestionando-nos para o mal. Pela nossa vontade e
livre arbítrio podemos resistir ou ceder a essas influências. Entendendo a
dinâmica da relação entre os fluidos espirituais e nosso corpo espiritual,
podemos compreender como se dá essa influenciação.
O que é e como se
procede uma lavagem do perispírito? O conceito desse procedimento está expresso
no livro "Consciência" de Luiz Sérgio.
Conceitos estranhos
podem ser encontrados em muitos livros psicografados, por isso torna-se
necessário que se proceda ao estudo sério das obras de Allan Kardec, que
traduziu os pensamentos dos Espíritos superiores, a fim de que não se absorvam
ensinamentos falsos e fantasiosos. O perispírito é o corpo astral do Espírito e
varia segundo a moralidade deste. Pode-se energizar o perispírito de alguém,
derramando sobre ele fluidos salutares, o que o tornará mais limpo. Porém, tal
procedimento é apenas passageiro. A única forma de "limpar" o
perispírito definitivamente é moralizando o Espírito, tornando o seu envoltório
mais leve e diáfano, à medida que atinge estágios mais avançados de evolução.
Como é a constituição
do perispírito em função da moralidade do Espírito?
O perispírito é uma
condensação do fluido cósmico universal em torno de um foco de inteligência ou
alma. É formado pelos fluidos ambientais, sendo, portanto, diferentes de acordo
com os mundos habitados. Nos mundos mais atrasados o perispírito é mais
grosseiro e denso; nos mundos mais adiantados ele é mais leve e etéreo, pois
habitam ali Espíritos mais evoluídos, favorecendo, evidentemente, ambiente
energético melhor e mais purificado. Percebe-se, então, que a natureza do corpo
espiritual está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito,
sendo mais grosseiro nos atrasados e mais diáfano nos adiantados. Será tanto
mais tênue quanto mais elevado for o Espírito.
Uma alma que atingiu a
perfeição não volta a reencarnar? Nesse estado tem perispírito?
Os Espíritos que
atingem a perfeição são os chamados Espíritos Puros. Eles reencarnam apenas em
missão, com o objetivo de fazer progredir a humanidade. Segundo Allan Kardec,
são os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam, para a
manutenção da harmonia universal. O perispírito, como sabemos, é o envoltório
da alma. É a forma de manifestação do Espírito e sua natureza fluídica está
sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito. Portanto, os
Espíritos puros possuem perispírito, mas de uma matéria tão etérea que, para
nós que habitamos os planos mais próximo da matéria, é como se não existisse.
Onde está a memória do
Espírito? Alguns livros dizem que é no perispírito. O que diz a Codificação?
A sede da memória, ou
seja o patrimônio adquirido pela individualidade, não pode estar no perispírito
e sim na Alma ou Espírito. O perispírito também é matéria, embora de uma
natureza diferente da que conhecemos. É o corpo do Espírito e por onde ele se
manifesta em plenitude. Cada perispírito é formada das substâncias fluídicas do
ambiente onde o indivíduo habita. Portanto, o Espírito ao mudar de mundo também
muda de perispírito, como se trocasse de roupa. Se admitíssemos que a sede da
memória estivesse no perispírito, neste ato toda experiência acumulada ficaria
no mundo anterior, o que certamente a razão repudia. Portanto, a sede da
memória, ou seja, toda a história e patrimônio moral e intelectual do ser
encontra-se no "sensorium comune" do Espírito, como um arquivo de
onde o indivíduo retira de lá os dotes acumulados durante toda a sua trajetória
evolutiva.
Relata o espírito
"André Luiz" em um dos livros psicografados por Chico Xavier, que
após período de trabalho na Terra, retorna à colônia Nosso Lar e, em repouso
deixa seu corpo (perispiritual), indo ao encontro de sua Genitora. Pergunto:
Com que corpo? O Espírito tem mais de um perispírito?
É necessário levar em
consideração que a tese abordada pelo Espírito André Luiz não recebeu a
chancela do Controle Universal dos Espíritos, mecanismo que, segundo Allan
Kardec, deveria aferir as novas revelações vindas da Espiritualidade. Por
alguns equívocos dos espíritas, tal mecanismo nunca foi criado. A projeção
astral de André Luiz a um plano superior ao que se encontrava, durante o
repouso, fundamenta-se na hipótese de que o corpo de manifestação do Espírito
no mundo exterior se divide em sete camadas. A mais interior seria o próprio
Espírito e a exterior, o corpo carnal. Desse modo, estando estacionado nas
regiões onde os Espíritos estariam de posse do seu sexto veículo fluídico,
André teria se projetado num plano onde as entidades espirituais (mais
desmaterializadas) usariam seu quinto corpo astral. Ambas as revelações, no
entanto, só devem ser admitidas como hipóteses de estudos, até que possam se
submetida ao Controle Universal dos Espíritos, se é que ele um dia vai ser
criado.
Se o nosso arquivo
desta vida e das vidas passadas se encontram gravadas em nosso perispírito e
ele tende a desaparecer com a nossa evolução, como e onde ficam estes arquivos?
Já dissemos em
perguntas anteriores que a memória do Espírito não se encontra no perispírito.
Este é um conceito retirado de livros psicografados (que não foram submetidos
ao Controle Universal - inexistente) e não do pensamento dos Espíritos
superiores responsáveis pela Codificação. A teoria contraria as Obras Básicas e
evidentemente não encontra fundamento lógico que possa explicá-lo. A memória da
individualidade se encontra na intimidade do Espírito, em seu arquivo
permanente, no que se chama "sensorium comune". O perispírito é
matéria. Seria uma incoerência acreditar que a coisa mais importante para
Espírito, que são suas experiências vividas, pudesse estar atrelada e confinada
à matéria. Veja mais sobre o assunto em perguntas anteriores, nesta mesma
página.
Há inferno, céu e
purgatório?
O céu ou o inferno,
como lugar circunscrito, não existe. Allan Kardec, em "O Céu e o
Inferno", nos diz que o céu, o purgatório e o inferno são estados de
consciências e não um lugar físico. Evidente que através das afinidades de
pensamentos, os Espíritos agrupam-se em determinadas regiões do mundo astral,
dando origem a ambientes agradáveis, de sofrimento ou conturbados, que
caracterizaram e deram origem aos termos usados no catolicismo.
Existem anjos e
demônios?
Deus que é
soberanamente justo e bom, não poderia ter criado criaturas destinadas
infinitamente a permanecer no mal, como também ter criado Espíritos perfeitos
desde sua origem, sem que eles fizessem nenhum esforço para isso. Todos os
Espíritos são criados simples e ignorantes e, através das experiências, vai
adquirindo saber e moralidade até atingir a perfeição. Em sua trajetória
evolutiva permanece na ignorância por algum tempo, vivendo as experiências do
bem e do mal, dependendo de seu livre arbítrio. Os demônios é a denominação que
foi dada para Espíritos que ainda não evoluíram moralmente, e que se comprazem
no mal, mas que um dia perceberão seus erros. Os anjos são Espíritos puros, que
já evoluíram moral e intelectualmente, através de seus esforços desde a sua
criação. Só assim se explica a bondade e a justiça de Deus.
Os Espíritos, que não
necessitam mais da matéria continuam com o perispírito no plano espiritual?
Sim, continuam a
necessitar dele. Aprendemos com a Doutrina Espírita que o corpo espiritual se
eteriza na medida em que o Espírito evolui na senda do progresso. O perispírito
é necessário à manifestação da individualidade no mundo espiritual. Na
encarnação é elo entre o Espírito e matéria. Quando desencarnados podemos dizer
que é o próprio Espírito se manifestando plenamente. Mais subsídios podem ser
encontrados em A Gênese, capítulo XIV, itens 7 a 12.
Como os Espíritos se
locomovem?
Os Espíritos
esclarecidos se locomovem através do pensamento. Movimentam-se mais ou menos
rápido dependendo da evolução de cada um. Os Espíritos pouco adiantados se
movem no mundo invisível, como o fazem os homens na Terra.
Os Espíritos podem nos
visitar?
Freqüentemente o fazem.
Nunca estamos sozinhos. Os bons Espíritos procuram nos ajudar através da
intuição, e os maus nos trazem influências que nos perturbam o equilíbrio
(obsessões). O hábito da oração e vigilância constantes nos faz menos sujeitos
às más influências.
Todos os Espíritos
podem se comunicar logo após sua morte?
Sim, pelo menos
teoricamente, todos os Espíritos podem se comunicar após a morte do corpo
físico. Porém, a Doutrina Espírita nos ensina que o Espírito sofre uma espécie
de perturbação (que nada tem ver com desequilíbrio) que pode demorar de horas
até anos, dependendo do tipo de vida que tenha tido na Terra e do gênero de sua
morte. Os Espíritos que são desprendidos da matéria desde a vida terrena, tomam
consciência de que estão fazendo parte da vida espírita bem cedo, porém aqueles
que viveram preocupados apenas com seu lado material permanecem no estado de
ignorância por longo tempo. Dado o pouco adiantamento espiritual dos habitantes
do planeta, pode-se concluir que as mensagens mediúnicas creditadas a pessoas
famosas que desencarnam precocemente, não merecem credibilidade.
O que acontece com o
nosso Espírito quando dormimos?
No descanso do corpo
físico, o Espírito desprende-se e aproveita para retomar parcialmente sua
relativa liberdade, permanecendo ligado ao corpo físico por um cordão
fluídico/energético. Dependendo de seus interesses e evolução poderá aproveitar
estes momentos para visitar outras esferas espirituais onde terá oportunidade
de aprender e trocar idéias com seres que com ele se afinizam. Pode também
visitar amigos que estão no plano físico ou no plano espiritual. Se são
Espíritos excessivamente apegados a matéria, poderão buscar ambientes mundanos
para se satisfazerem. Se ao despertar sentimos paz e alegria, é que estivemos
em boas companhias, mas se acordamos de mau humor, cansados e oprimidos, é
porque estivemos com Espíritos ignorantes. Portanto devemos ter como hábito,
antes de dormir, orar a Deus e aos bons Espíritos para que, durante o sono,
nossa Alma possa estar em sintonia com os planos elevados da Criação.
Os Espíritos fazem sexo
após a morte? Eles conservam suas vontades sexuais?
Normalmente não há
relação sexual após a morte, pois este é um ato ligado à experiência no plano
carnal. O que pode acontecer no mundo invisível, é que o Espírito desencarnado
ainda obcecado pelo sexo, envolva-se com outros da sua mesma natureza e se
mantenham alimentando-se mentalmente dos hábitos e costumes que cultivaram em
vida. É comum ligarem-se a pessoas encarnadas, cujas tendências lhes são afins,
para satisfazerem suas necessidades sexuais. Nos planos espirituais onde
habitam os Espíritos esclarecidos não há qualquer atividade no campo da
sexualidade.
Existem almas gêmeas?
Não existem almas
gêmeas no sentido que normalmente se dá a esse termo. Não há um homem criado
especialmente para uma mulher ou vice-versa. Essa idéia, usada para justificar
paixões transitórias, é puramente humana e nada tem a ver com as informações
dadas pelos Espíritos superiores que revelaram a Doutrina Espírita. O objetivo
de todos os Espíritos é atingir a perfeição e nesse estado todos se
reconhecerão como verdadeiros irmãos.
Os Espíritos podem ler
nossos pensamentos? É certo dizer que deve-se orar sempre com a mente, e nunca
com os lábios, falando?
Os Espíritos podem ler
nossos pensamentos sim, dependendo de seu grau de afinidade para conosco ou de
sua condição evolutiva. Quanto à prece, você pode fazer com o pensamento, mas acima
de tudo com o sentimento sincero de respeito e gratidão a Deus. As preces altas
e longas são feitas mais para serem vistas pelos homens do que para serem
ouvidas por Deus.
Gostaria de saber, no
que diz respeito ao estado de perturbação espiritual, o que se passa com
Espíritos que quando encarnados não tiveram a oportunidade de se esclarecerem
quanto ao seu estado futuro nos seguintes casos: por ocasião de seu enterro; em
caso de cremação de seu corpo; em caso de doação de órgãos?
Em todos os casos referidos,
o Espírito que não tenha a compreensão da vida após a morte sofre muito. Pode
ver seu enterro e se angustia. Pode ver seus órgãos sendo retirados e é um
desespero por sentir-se ainda vivo. Pode sentir-se queimando, pela mesma razão.
Mas o seu sofrimento depende do nível moral dele, da forma como encarou a vida,
da sua condição evolutiva. Mesmo que ele não tenha a compreensão da vida
verdadeira (espiritual) se ele foi uma pessoa digna, justa e se preocupou com o
outro, será atendido mais prontamente e poderá compreender rapidamente o que se
passa com ele. Neste caso, não passará por essas provações acima ditas. O que
importa não é conhecimento que ele tem da vida espiritual, mas o que ele tem no
coração. Tem pessoas que tinham um grande conhecimento da Doutrina Espírita e
depois que desencarnam sofreram grandes decepções e sofrimentos.
Parte 10
O corpo físico, a alma e o perispírito
Na sua negação da
existência da alma, os materialistas têm freqüentemente argüido da dificuldade
de conceber um ser privado de forma. Os próprios espiritualistas não explicavam
como a alma, imaterial e imponderável, podia se unir estreitamente e comandar o
corpo material, de natureza essencialmente diferente. Essas dificuldades têm encontrado
sua solução nas experiências do Espiritismo.
Os fenômenos espíritas
têm demonstrado que a alma é imortal, quer dizer que, quando o corpo que ela
habita durante sua passagem sobre a Terra estiver destruído, ela não será
atingida por essa mudança, conservará sua individualidade e poderá ainda
manifestar sua presença por intervenções físicas. Aqui se apresenta uma
dificuldade. Como compreender a ação da alma sobre o corpo?
Segundo a filosofia e
os Espíritos, a alma é imaterial, dito de outra forma, ela não tem nenhum ponto
de contato com a matéria que conhecemos. Não se pode conceber que a alma tenha
propriedades análogas à dos corpos da natureza, pois o pensamento, que dela é a
imagem, a emanação, escapa a toda medida, a toda análise física ou química. Mas
é preciso tomar a palavra imaterial em seu sentido absoluto? Não, porque a
imaterialidade verdadeira seria o nada; mas esta alma constitui um ser cuja
existência é tal que nada aqui em baixo poderia dela nos dar uma idéia. A
palavra imaterial significa que nenhum estado da matéria, tal como nós a
conhecemos, pode nos fazer compreender o estado da alma.
Nós constatamos no
homem a aliança desses dois elementos: o corpo e a alma. Eles estão unidos de
maneira íntima e reagem um sobre o outro, assim o demonstra o testemunho dos
sentidos e da consciência. Depois do que dissemos sobre a alma, parece que há
uma contradição, mas ela é mais aparente do que real, porque o homem não é
formado somente do corpo e da alma, mas ainda de um terceiro princípio intermediário
entre um e outro chamado perispírito, isto é o envelope do espírito.
A necessidade desse
mediador vai ser compreendida em seguida ao se colocar em paralelo a
espiritualidade da alma e a materialidade do corpo.
A alma é imaterial
porque os fenômenos produzidos por ela não podem se comparar a nenhuma
propriedade da matéria. O pensamento, a imaginação, a memória não têm nem
forma, nem cor, nem duração, nem maleabilidade; essas produções do espírito não
estão restritas a nenhuma lei que rege o mundo físico, elas são puramente
espirituais e não podem ser medidas, nem pesadas. A alma escapa, por sua
natureza, à destruição pois ela se manifesta em toda sua plenitude após a
desagregação do corpo, então a alma é imaterial e imortal.
O corpo é este envelope
do princípio pensante, que vemos nascer, crescer e morrer. Os elementos que o
compõem são tirados da matéria que forma nosso globo. Após terem permanecido
durante um certo tempo no organismo, são substituídos por outros. Essas
operações se renovam até à morte do indivíduo; então os átomos que compunham em
último lugar o corpo humano são tomados pela circulação da vida e entram em
outras combinações, em virtude desta grande lei de que nada se cria e nada se
perde na natureza.
O corpo e a alma são
então essencialmente distintos: um notável por suas transformações incessantes,
o outro pela imutabilidade de sua essência. Eles apresentam qualidades
radicalmente opostas, e entretanto constatamos que vivem em uma harmonia
perfeita e exercem influências recíprocas. O ódio, a cólera, a piedade e o amor
se refletem sobre o rosto e imprimem um caráter particular à fisionomia. Nas
emoções violentas, é todo o organismo que está perturbado; uma alegria súbita
ou uma dor imprevista podem determinar abalos tais que a morte se segue. A
imaginação age também sobre o físico com uma grande violência: é o que
demonstram as obras da medicina que tratam desta questão, de sorte que se de
uma parte esses efeitos estão bem constatados, de outra parte, a alma sendo
imaterial, o problema de sua ação mútua permanece insolúvel para os filósofos.
De numerosas
observações feitas no mundo inteiro, resulta que o homem é formado pela reunião
de três princípios:
1°
a alma ou espírito, causa da vida psíquica;
2°
o corpo, envelope material à qual a alma está temporariamente associada durante
sua passagem sobre a Terra;
3°
o perispírito, substrato fluídico servindo de ligação entre a alma e o corpo,
para a intermediação da energia vital. É do estudo deste órgão que resultam os
conhecimentos novos que nos permitem explicar as relações da alma e do corpo; a
idéia diretriz que preside à formação de todo indivíduo vivente; a conservação
do tipo individual e, malgrado as mudanças perpétuas, a conservação especifica
da matéria; enfim o mecanismo tão complicado da máquina vivente.
A morte é a
desagregação do envelope carnal, daquele que a alma abandona ao deixar a Terra;
o perispírito segue a alma à qual está sempre ligado. Ele é formado por matéria
em um estado de rarefação extrema. Esse corpo etéreo, invisível para nós no
estado normal, existe assim durante a vida terrestre. É o intermediário pelo
qual passam as sensações físicas percebidas pelo eu, e é por este intermediário
que o espírito pode comunicar ao exterior seu estado mental.
Tem sido mencionado que
o espírito é uma chama, uma centelha, etc., isso deve ser entendido em relação
ao espírito propriamente dito, como princípio intelectual e moral, ao qual não
se poderia atribuir uma forma determinada; em qualquer grau que se encontre, na
animalidade ou na humanidade, ele está sempre intimamente associado ao
perispírito, cuja eterização está na proporção de seu adiantamento moral. De
sorte que, para nós, a idéia do espírito é inseparável da idéia de uma forma
qualquer, e não concebemos um sem o outro. "O perispírito faz então parte
integrante do espírito, como o corpo faz parte integrante do homem mas o
perispírito sozinho não é o espírito do mesmo modo que o corpo sozinho não é o
homem, porque o perispírito não pensa e age por si só, ele é para o espírito o
que o corpo é para o homem: o agente ou o instrumento de sua ação".
A alma durante a vida
corporal, como após a morte, está constantemente revestida de um envelope
fluídico, mais ou menos sutil ou etéreo: o perispírito, ou corpo espiritual. O
perispírito serve de laço entre o corpo e a alma; transmite àquela as
impressões dos sentidos e comunica ao corpo as vontades do espírito. No momento
da morte, se destaca da matéria tangível, abandona o corpo à decomposição da
tumba, mas, inseparável da alma, hospeda a forma exterior de sua personalidade.
O perispírito é então
um organismo fluídico; é a forma preexistente e sobrevivente do ser humano, o
substrato sobre o qual é modelado o envelope carnal, como uma vestimenta
invisível, formada de uma matéria quintessenciada, que penetra todo o corpo,
por mais impenetrável que ele nos pareça.
A matéria grosseira,
incessantemente renovada pela circulação vital, não é a parte estável e
permanente do homem. É o perispírito quem assegura a manutenção da estrutura
humana e dos traços da fisionomia, e isso em todas as épocas da vida, do
nascimento à morte. Ele exerce assim a função de um molde compressível e
expansível, sobre o qual a matéria terrestre se incorpora.
O corpo fluídico não é
entretanto imutável; ele se depura e enobrece com a alma; segue-a através suas
encarnações sem conta, sobe com ela os degraus da escala hierárquica,
tornando-se mais e mais diáfano e brilhante, para resplandecer um dia com esta
luz deslumbrante de que falam as Bíblias antigas e as testemunhas da história
relativamente a certas aparições.
A elevação dos
sentimentos, a pureza da vida, os impulsos para o bem e o ideal, as provas e os
sofrimentos pacientemente suportados, afinam cada vez mais o perispírito,
estendendo e multiplicando as vibrações. Como uma ação química, eles consomem
as partículas grosseiras e não deixam subsistir senão as mais sutis.
Vale a pena anotar:
O
Ser encarnado é composto de três elementos: o corpo físico, a alma e o
perispírito (chamado também de corpo espiritual).
Os
Espíritos não são imateriais, eles são compostos de uma alma e do mesmo
perispírito que os seres viventes, que é semi-material.
Para saber mais:
A
alma é imortal de Gabriel Delanne (3ª parte, cap. I, Estudo do perispírito)
O
Espiritismo diante da ciência de Gabriel Delanne (4ª parte, cap. I, Que é o
perispírito?)
O
Espiritismo diante da ciência de Gabriel Delanne (4ª parte, cap. III, O
perispírito - sua composição)
O
Livro dos Espíritos de Allan Kardec (Livro II, cap. I, perispírito)
A
Reencarnação de Gabriel Delanne (cap. II, As propriedades do perispírito)
Após
a morte de Léon Denis (3ª parte, cap. XXI, O perispírito ou corpo fluídico)
Revista
Espírita 1861 pág. 148 (Evocação do Dr Glas)
Tia Wilma
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